25/08/11

Filhos do Éden - Eduardo Spohr - lançamento




Filhos do Éden chegou hoje às livrarias - www.filhosdoeden.com

História que passa no mesmo universo de "A Batalha do Apocalipse" É o início de uma nova saga.
com novos personagens!

No Rio, duas sessões de autógrafos -
dia 11/09, na Bienal, e dia 30/09, na Travessa do Leblon.

Deois em Curitiba e em Porto Alegre e breve em outras cidades.



Vampiros de Porcelana - Shirlei Massapust






Vampiros de Porcelana
Shirlei Massapust - kunzite@globo.com

Vocês já reparam que hoje em dia quase todo mundo que se interessa por
vampiros também gosta de bonecas? O renascimento do mercado artesanal de
brinquedos para adultos deve uma pequena parte de seu sucesso ao
clássico *Entrevista
com o Vampiro* (1976), de Anne Rice, onde as bonecas de porcelana exercem um
papel importante na formação da personalidade da personagem Cláudia. Logo
depois que ela foi transformada e adotada por Louis e Lestat, aos cinco anos
de idade, a menina começou a ganhar presentes. “Muda e bela, Cláudia
brincava com bonecas, vestindo-as e despindo-as durante horas”.[1] Os
vampiros faziam o mesmo com a pequena dama:

Uma fila interminável de costureiras, sapateiros e alfaiates invadiu nosso
apartamento, produzindo para Cláudia o que havia de melhor na moda infantil,
de modo que ela era sempre uma visão, não somente por sua beleza de criança,
com seus cílios compridos e seus gloriosos cabelos louros, mas pelo bom
gosto de chapéus finamente trançados e pequenas luvas de renda, casacos e
capas de veludo brilhante e delicadas camisolas de mangas fofas e fitas
azuis. Lestat brincava com ela como se fosse uma boneca magnífica.[2]

Sessenta anos depois os vampiros continuavam a vestir e pentear a
filha como se ela fosse “uma boneca mágica” com rostinho redondo e boca em
botão.[3] Cláudia odiava isto e protestava constantemente pelo direito de
ser tratada como uma mulher adulta. O problema é que naquela época e
localidade geográfica ela nunca seria tratada de outra forma mesmo que fosse
humana, adulta, casada, idosa e mãe de oito filhos. Acontece que antes da
revolução feminista todas as damas européias eram juridicamente incapazes de
exercer os atos da vida civil sem autorização do pai, marido, irmão ou filho
que atuasse como seu representante legal. Sempre que o homem não obrigava ou
permitia que sua esposa, filha ou irmã solteira trabalhasse, a mulher
permanecia reclusa sem nada para fazer além de cuidar da casa ou vigiar os
escravos domésticos.

Inúmeras damas e governantas ociosas descobriram que a melhor forma de
afastar o tédio era criar maquetes de sua propriedade ou montar outros tipos
de casas de bonecas, sendo o *hobby* considerado uma recreação chique para
adultos. Os melhores itens eram importados da China, pois, antes de 1707,
nenhum europeu obteve sucesso na tentativa de fabricar a porcelana,
inventada pelos chineses durante a dinastia Tang (618-907 d.C.).

A associação entre os artigos de coleção e suas donas ficou mais forte
durante o séc. XVII, quando os artesões holandeses começaram a confeccionar
perucas de cabelo humano para bonecas dotadas de olhos de vidro, cujas
mechas poderiam ser fornecidas pelas clientes. Em caso de óbito era comum
enterrar a boneca junto com a falecida. Surgiram boatos sobre pessoas que
sentiam dores quando os brinquedos portadores de seus cabelos ou dentes de
leite eram espetados com agulhas... A Condessa Erzébet Bátthoy adorava punir
as empregadas faltosas com espetos. Por acaso ela também gostava de bonecas,
mas não acreditava em vodu. Então ela contratou um relojoeiro alemão para
lhe fazer um robô em tamanho natural (os dados provieram da tradição oral da
região, compilada pela historiadora Valentine Penrose):

Esse ídolo foi instalado na sala subterrânea do castelo de Csejthe.
Quando não estava em uso, descansava numa caixa de carvalho esculpido,
cuidadosamente fechada a chave em seu caixão. Junto da caixa estava fixado
um pesado pedestal, sobre o qual podia-se colocar com segurança a estranha
dama de ferro oco, pintada com uma tinta cor de carne. Ela estava
inteiramente nua, maquiada como uma bela mulher, ornada com motivos ao mesmo
tempo realistas e ambíguos. Um mecanismo fazia com que a boca se abrisse num
sorriso idiota e cruel deixando ver dentes humanos, e fazia também com que
os olhos se movessem. Nas costas ostentava uma cabeleira de moça, que ia
quase até o chão, e que Erzébet certamente escolhera com infinito cuidado.
Deixando de lado as cabeleiras castanhas com que poderia ornar a sua deusa,
Erzébet encontrara para ela cabelos de uma tonalidade louro prateada. Essa
longa cabeleira acinzentada teria pertencido à bela eslovena vinda de tão
longe para servir em Csejthe, e que foi sacrificada logo que chegou? Um
colar de pedras preciosas incrustadas descia por sobre o peito. Era
precisamente tocando uma dessas pedras que tudo começava a funcionar. Do
interior vinha o grande e sinistro barulho do mecanismo. Então os braços
começavam a se erguer, e logo se fechavam bruscamente num abraço no que
estivesse ao seu alcance, sem que nada pudesse soltá-los. Depois painéis
retangulares deslizavam para a esquerda e para a direita e, no lugar dos
seios pintados, o peito se abria, deixando sair lentamente cinco punhais
pontiagudos que transpassavam habilmente a enlaçada, com a cabeça jogada
para trás, os longos cabelos dispersos como os da criatura de ferro.
Pressionando uma outra pedra do colar, os braços tornavam a cair, o sorriso
se apagava, os olhos se fechavam de repente, como se o sono se tivesse
abatido sobre ela. Supõe-se que o sangue das moças transpassadas corria
então por uma canaleta que o levava até um recipiente abaixo, conservado
aquecido. (...) Mas Erzébet se cansou rapidamente. (...) As engrenagens
complicadas enguiçaram, enferrujaram e ninguém soube consertá-las.[4]

É uma pena que a boneca torturadora da condessa Erzébet Bátthoy nunca tenha
sido localizada para exposição em museus. Porém ainda existem outros
autômatos de função social menos desagradável. Por exemplo, a boneca que
castiga um boneco engraxate batendo com um martelo em sua cabeça enquanto
ele lustra suas botas (em exposição no Museo de Juguetes Mecánicos de las
Atraccions, em Barcelona). Os primeiros robôs foram fabricados por volta do
século XVII, por relojoeiros alemães e suíços, logo apos a invenção do
mecanismo da corda de relógio. Alguns eram tão caros e bem elaborados que o
público pagava entrada para vê-los desenhar ou escrever com uma caneta
tinteiro. Outros eram capazes de tocar flauta, soltar bolhas de sabão, mexer
a cabeça e os olhos, etc. Quando Thomas Edison produziu uma boneca capaz de
recitar o poema Mamãe Gansa, no séc. XIX, alguns afirmaram que o inventor
era ventríloquo e continuaram insistindo na hipótese mesmo depois que ele
exibiu o seu fonógrafo fora daquele esconderijo e gravou as vozes de
terceiros.

*Profanação da arte, repressão e pecado.*

O quarto mandamento bíblico proíbe a fabricação de imagens de seres viventes
para fins de culto. (Êxodo 20:4) O Alcorão afirma que todos os objetos
inanimados são incapazes de fazer o bem ou o mal a alguém. Portanto o
indivíduo que idolatra obras de arte desperdiça seu tempo (Al-A'raf 7:148 e
Al-Anbiyâ 21:51-54). O persa Bukhārī* *registrou a crença popular de que o
anjo da misericórdia não visita casas onde existam imagens de seres viventes
ou cães de guarda (Hadith 4:47 e 4:448). Os exegetas vão além do óbvio e
proíbem a posse de imagens para fins ornamentais, sob o argumento de que
estas coisas não são apenas inúteis: Elas dão azar! É por isto que tanto os
muçulmanos quanto os judeus evitam fotografias, quadros, estátuas, bonecas,
etc.

Com o advento do cristianismo o clero católico endossou essa crença, fazendo
reserva para santos e presépios. Parece que o quarto mandamento serviria
para condenar tudo, menos a arte sacra, porque é benta. Os inquisidores
Heinrich Kramer e James Sprenger supuseram que deus é tão ciumento dos seus
direitos autorais que, ao invés de punir apenas o plagiador, causa a ruína
de toda a vila onde vive um fabricante de bonecas. No *Maleus
Maleficarum*(1484) eles informam que o diabo orienta as bruxas a
simular a obra do
Criador “provocando-lhe a Sua ira e fazendo com que Ele, a título de punição
pelo seu crime, venha a lançar flagelos sobre a terra”. Então a bruxa desata
a rir da desgraça coletiva, sem se importar com a pequena parcela que lhe
cabe, e faz de tudo para deixar a divindade cada vez mais nervosa: “Para
ainda mais aumentar a sua culpa, as bruxas experimentam especial deleite em
construir tais imagens nas estações mais solenes do ano”.[5]

É claro que o posicionamento do inquisidor seria cômico se não fosse
trágico. Nenhum artesão fabrica brinquedos na véspera do natal na intenção
de fazer mofa do cristianismo. Acontece que sempre existiu uma grande
demanda por bonecas no mês de dezembro, quando os romanos trocavam presentes
durante festas particulares, e este costume foi agregado pelos cristãos por
meio do sincretismo. Na Roma antiga o deus Lares era homenageado em maio com
altares lotados de bonecas. As noivas gregas consagravam suas bonecas às
deusas Ártemis e Afrodite antes de casar. Ou seja, a ordem era a de
substituir, não eliminar. Enquanto as bonecas pagãs deixavam de fazer parte
da vida quotidiana, os santos e presépios entravam pela porta dos fundos!

*Por que algumas pessoas ainda temem os brinquedos?*

No mundo antigo era comum não apenas mumificar os corpos de certas pessoas,
mas também fornecer corpos substitutos para casos de emergência. Os egípcios
construíam estatuas, maquetes de oficinas e casas mobiliadas para bonecas
entre o segundo e terceiro milênio a.C. Também na Babilônia foram
encontrados restos de uma boneca articulada datada desta época. Vinte e
cinco modelos provenientes da tumba de Meketre incluem uma cena de pesca com
rede usando o esforço conjunto da tripulação de dois barcos, um ateliê de
tecelagem, um ateliê de carpintaria, gente do povo e pastores procedendo à
contagem do rebanho. Na tumba do príncipe Mesehti foram encontradas duas
miniaturas de tropas. Uma era composta de quarenta soldados egípcios de pele
morena, portando lanças e escudos, e a outra de quarenta arqueiros núbios
negros. Mas nada se compara à coleção de Qin Shihuang (259-210 a.C.), o
primeiro imperador da China, que foi enterrado junto com mais de oito mil
estátuas de guerreiros e cavalos em tamanho natural.

Além de ser um hobby saudável era crença geral de que a confecção ou
aquisição de maquetes durante a vida auxiliaria seu possuidor após a morte.
No Japão as estátuas e estatuetas de terracota, enterradas junto aos mortos
desde a pré-história, são chamadas de Haniwa (埴輪). No Egito o termo
*shabti*deriva de uma raiz arcaica indicando que a estatueta ou boneco
é “aquele que
responde” no momento em que o falecido é chamado para executar um trabalho
árduo nos campos dos mundos dos mortos. A tumba de Tutancâmon (133-1323
a.C.) continha 413 figuras *shabit* dentre as quais 365 são de operários, 36
de capatazes, 12 de inspetores e algumas do próprio rei.[6]

No folclore japonês todas as bonecas podem adquirir espírito por meio do
contato com os humanos. O *ningyoushi* (kanji 人形師, kana にんぎょうし) ou artesão é
capaz de fabricar a boneca *ningyoo* (kanji 人形, kanaにんぎょう) capaz de absorver
a moléstia e curar uma criança adoentada caso seja posta no leito onde ela
dorme. No período Heian (794-1185) elas eram usados para afastar demônios.
Inicialmente as bonecas eram muito simples, moldadas em palha ou papel,
servindo para afastar epidemias quando colocadas nas fronteiras das aldeias.
Para purificar corpo e alma se usavam bonecas de papel que, depois, eram
jogadas no rio para levar embora os maus fluídos.[7] Até hoje as mulheres
com diagnóstico de esterilidade que obtiveram a graça de ter um filho levam
uma boneca para ser cremada no templo Kiyomizu-Kannondo, em Tóquio. Este
ritual se chama Ninguyo Kuyo, “consolo da alma das bonecas”.

A teoria é simples: Depois que a boneca absorve o malefício, a energia
negativa absorvida se torna parte dela e o objeto precisa ser destruído para
não causar o efeito reverso contaminando o ambiente. O problema é que as
mudanças nos materiais de confecção implicaram em adaptações culturais. Ou
seja, ninguém reluta em destruir uma boneca de papel, mas se a coisa for
feita da mais fina porcelana chinesa, com vestes de seda, e valer mais de
dois mil reais é melhor manter o objeto agourento muito bem guardado e
protegido. Não importa se o folclore alerta sobre a possibilidade do
espírito do vampiro sair do baú à noite para penetrar nos seus sonhos e
mordiscar seu pescoço.

*Fluxo e refluxo energético*

Todos conhecem os famosos contos folclóricos sobre casas assombradas capazes
de enlouquecer seus habitantes porque, no passado, elas foram lares de
psicopatas, de vitimas de violência doméstica, etc. Inúmeras obras de
terapias alternativas afirmam que o ser humano exala grandes quantidades de
energia durante momentos de angústia, *stress*, paixão, etc. A energia
exalada por um estressado, por exemplo, ficaria impregnada na casa como a
poeira que se acumula atrás dos móveis. Isso faria com que os objetos
inanimados se transformassem em verdadeiros depósitos de *stress*. Visitas
que sentassem num sofá estressado perderiam a alegria e ficariam estressadas
em decorrência da contaminação. Nem o proprietário da coisa conseguiria
melhorar e mudar de ânimo, pois ele continuaria a absorver e exalar o seu
próprio baixo astral.

Reza a lenda que para dissolver o acúmulo de energia no ambiente é
necessário desobstruir o fluxo energético por meio do *feng shui* (風水 ou 風水).
A saturação e limpeza de rochas por exposição às fontes naturais também é
muito utilizada na terapia com cristais. Teoricamente a pedra limpa passa
bons fluídos ao portador, por osmose, ao mesmo tempo em que absorve as
energias ruins. Uma nova limpeza é feita após o uso para que as rochas
saturadas não preservem e espalhem o problema do paciente! Por outro lado,
produtos industrializados como papel, plástico, celulóide e a resina de
poliuretano só deixam de ser um problema em caso de destruição pelo fogo.

O filme *The Doll Master* (Coréia do Sul, 2004), dirigido por Yong-ki Jeong,
retrata fielmente a antiga crença oriental de que certos objetos inanimados
podem prejudicar seus donos quando manuseados de forma irregular. Ou seja,
que “se você se apegar a um objeto e andar sempre com ele a coisa pode
formar uma alma”, e que objetos inanimados “como uma rocha, uma boneca ou
uma casa” pela qual alguém se apega em demasia ou devota obsessão, acabam
absorvendo parte da alma humana e se tornam vivos.

Esta obra de ficção apresenta vários resultados para o que acontece quando
objetos feitos de resina de poliuretano desenvolvem alma por culpa de seus
donos: Damian, um boneco articulado, foi adotado e transportado pela mesma
pessoa durante dezenove anos, sete meses e vinte e oito dias. Esta mulher
tímida costumava escutar vozes e conversar com o ‘irmãozinho’. Virou uma
excluída social... Ainda no filme *The Doll Master* uma designer de bonecas
encontrou um manequim sentado sobre um túmulo. O espírito vingativo do
manequim passou para o corpo da mulher e começou a perseguir todos os
descendentes do assassino do seu amado criador. A artesã possessa disse:

Eu acredito que meu trabalho da vida aos objetos inanimados. (...) Você
nunca possuiu coisas às quais era apegado? Você já ficou triste após perder
aquelas coisas? Eu penso que quando os objetos perdem seus donos, eles ficam
tristes também. Você sabia que quando algo está perdido, há algumas ocasiões
em que parece que ele nunca desapareceu do seu local de origem? Eles
retornam para os seus antigos donos.

Mina, outra boneca articulada, ganhou alma quando sua dona sofreu um
acidente. Com o tempo a menina enjoou da boneca e jogou fora, mas a boneca
não enjoou da menina. Mina passou a perseguir sua dona, inconformada com o
fato de haver sido descartada e esquecida. A boneca era capaz de projetar
seu espírito em forma humana diante da antiga proprietária, fazendo-a
acreditar que dialogava com uma menina de verdade enquanto os outros a viam
falar sozinha. Por isso aquela mulher deixou de ser uma modelo desinibida e
bem sucedida para acabar igualmente taxada como louca.

O caso da luxuosa boneca Mina é idêntico ao de Mary, uma bonequinha de
porcelana que aparece no episódio 11 do anime *Histórias de Fantasmas* (
学校の怪談; Japão, 2000). Mary conseguiu reencontrar o caminho de casa e voltou,
querendo brincar, mas só achou a filha órfã da sua falecida dona, que era
bastante madura e não gostava de bonecas. O brinquedo problemático assombrou
a adolescente até ser entregue a um templo budista onde um monge explicou
que o certo teria sido cremar os pertences da falecida junto ao corpo na
data do óbito. Enfim, nestas obras de ficção as almas dos brinquedos
maltratados desejam maltratar pessoas, as dos que são amados querem mais
amor e assim continuam sugando energia alheia, feito vampiros de porcelana.

*Superstições no ocidente*

Na apostila *A Bela Face do Mal* a missionária Elizabete Marinho acusa todas
as empresas fabricantes de bonecos com aparência adulta de “provocar
irresponsabilidade e ambições adultas na criança, que começa a manifestar a
sua natureza sexual bem antes do que a natureza exige”.[8] Uma adolescente
residente no interior de Belém do Pará lhe confessou sentir “um forte desejo
de se prostituir” ao brincar de boneca.[9] Em Goiânia (GO) uma mãe percebeu
que a sensualidade da filha de sete anos aflorava durante a brincadeira.
Quando a criança revelou que gostaria de ter seios e corpo iguais aos da
Barbie, a mãe preocupada resolveu destruir o objeto de horror. Ela arrancou
a cabeça da boneca e ficou estupefata ao encontrar uma peça de junção entre
a cabeça e o corpo que lhe parece ser “um símbolo de homossexualismo”.[10]

Eu já tive o desprazer de encontrar objetos idênticos ao desenhado pela mãe
preocupada dentro das cabeças das minhas bonecas, durante a infância, porque
o pescoço dos modelos antigos quebrava facilmente. O pino parecido com o
símbolo ♂ (masculino), de cor branca ou bege, servia apenas – e obviamente –
para afixar o corpo de plástico duro na cabeça de borracha. Mas a
missionária Elizabete comentou sobre este pino que “ele nada mais é do que a
atenção de Lúcifer em desvalorizar a representação dos sexos”.[11]

A missionária também registrou o relato de uma mãe que havia comprado uma
boneca Eliana, da Estrela, para presentear sua filha, mas a menininha achou
que o robô de um metro de altura só era capaz de andar quando alguém
segurava sua mão porque estava possuído pelo demônio. Adriana tentou lhe
explicar o funcionamento da engenhoca, mas não adiantou. A mãe resolveu
brincar de orar e “expulsar o demônio”, mas a filha continuava com medo. Ela
começou a fantasiar, dizendo que via a boneca fazer caretas e piscar o olho
pintado. Adriana só aceitou destruir o caríssimo brinquedo quando
surpreendeu seu filho caçula nu, de pênis ereto, tentando fazer sexo com a
mulher de plástico. O menino tinha apenas quatro anos de idade.[12]

Notas:

[1] RICE, Anne. *Entrevista com o Vampiro*. Trd. Clarice Lispector. Rio de
Janeiro, Rocco, 1992, p 97.

[2] RICE, Anne. *Entrevista com o Vampiro*. Trd. Clarice Lispector. Rio de
Janeiro, Rocco, 1992, p 98.

[3] RICE, Anne. *Entrevista com o Vampiro*. Trd. Clarice Lispector. Rio de
Janeiro, Rocco, 1992, p 101.

[4] PENROSE, Valentine. *A Condessa Sanguinária*. Trd. Regina Grisse de
Agostinho. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1992, p 144-145.

[5] KRAMER, Heinrich & SPRENGER, James. *O Martelo das Feiticeiras*. Trd.
Paulo Froés. Rio de Janeiro, Rosa dos Tempos, 1991, p 76.

[6] TIRADRITTI, Francesco e DE LUCA, Araldo. *Tesouros do Egito:* Do museu
do Cairo. Trd. Maria de Lourdes Giannini. Bela Vista, Manole, 1998, p 216.

[7] NINGYOO – BONECAS. © 2003 Aliança Cultural Brasil Japão de Joinville.
Acessado em 21/007/2011 às 19h. URL:
http://www.oocities.org/br/japaojoinville/ningyoo.htm

[8] MARINHO, Elizabete Venceslau. *A Bela Face do Mal*. Paraná, Editora Deus
é Fiel, p 37.

[9] MARINHO, Elizabete Venceslau. *A Bela Face do Mal*. Paraná, Editora Deus
é Fiel, p 32-37.

[10] MARINHO, Elizabete Venceslau. *Op cit*, p 33.

[11] MARINHO, Elizabete Venceslau. *Op cit*, p 34.

[12] MARINHO, Elizabete Venceslau. *A Bela Face do Mal*. Paraná, Editora
Deus é Fiel, p 32.

24/08/11

Lançado o livro “Anuário Brasileiro de Literatura Fantástica” 2010, de Cesar Silva e Marcello S. Branco

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ANUÁRIO BRASILEIRO DE LITERATURA FANTÁSTICA 2010

Marcello Simão Branco & Cesar Silva

Numa iniciativa dos jornalistas e pesquisadores de ficção científica e fantasia Marcello Simão Branco e Cesar Silva, o Anuário Brasileiro de Literatura Fantástica foi publicado pela primeira vez em 2005. Apresenta um amplo e profundo panorama do cenário fantástico nacional, em suas três manifestações principais, a ficção científica, a fantasia e o horror, além de contemplar também as criações híbridas entre estes gêneros e os chamados trabalhos de “fronteira”, isto é, o fantástico abordado a partir da perspectiva do mainstream literário.

Contém notícias sobre prêmios e personalidades, listas dos livros lançados durante o ano, artigo sobre o mercado editorial, com dados estatísticos e tabelas. Resenhas de vários dos principais livros de autores brasileiros e estrangeiros, entrevista com a “Personalidade do Ano”, ensaio de um especialista convidado, e uma seção histórica com datas e resenhas de livros importantes. A Personalidade do Ano de 2010 foi o premiado escritor Nelson de Oliveira, cujo romance Poeira: Demônios e Maldições (resenhado no Anuário) recebeu o Prêmio Casa de las Americas e foi finalista do Prêmio São Paulo.

O Anuário tem por meta realizar um registro do estado dos gêneros no país, além de auxiliar tanto os leitores em busca do que há de novo, como aos escritores que desejam destrinchar as tendências do mercado. E também a editores e pesquisadores, que estão em busca de um conhecimento mais sistematizado e amplo do que está surgindo e das perspectivas para o fantástico no Brasil. A edição relativa a 2010 é a que lista maior número de obras, até o momento.

O Anuário Brasileiro de Literatura Fantástica recebeu em 2010 o Prêmio “Melhores do Ano”, na categoria “Melhor Não-Ficção”, concedido pelo site Ficção Científica e Afins, da escritora Ana Cristina Rodrigues.

Repercussões:

“Embora a literatura fantástica enfrente muitos desafios no Brasil, um trabalho árduo de crítica e pesquisa como o do Anuário permite uma base sólida para o desenvolvimento de pesquisas e publicações”.

— Rachel Haywood Ferreira, Iowa State University.

“As suas carreiras críticas — existentes há anos em várias publicações, e há seis anos no Anuário —, são o balanço global dos gêneros literários que vocês analisam, o mais competente, sério e abrangente, dentro do universo crítico brasileiro.”
André Carneiro, autor de Confissões do Inexplicável.

“O Anuário é uma das publicações de crítica de ficção especulativa mais independentes e de maior personalidade no país. Editores, pesquisadores, colecionadores de livros, escritores e fãs devem encontrar uma fonte de consulta, de avaliações e de opiniões críticas inestimável para dar perspectiva ao momento atual.”
Roberto de Sousa Causo, Terra Magazine.

“Um projeto raro e ambicioso, que apresenta uma perspectiva global e sistematizada a respeito do mercado no Brasil e confere-lhe uma unidade na qual os autores poderão posicionar-se. Além disso, contribui para o crescimento da crítica profissional e do estudo acadêmico, essenciais ao desenvolvimento de qualquer literatura."
Luís Filipe Silva, site Efeitos Secundários (Portugal).

Autores: Marcelo Simão Branco e Cesar Silva
Capa: Silvio Ribeiro

Selo Enciclopédia Galáctica, agosto 2011.

Acabamento: Brochura com laminação brilhante e orelhas
Miolo: 240 páginas PB em papel off-set 75 g/m²
Formato: 14,0 cm × 21,0 cm
Código de Barras: 9772178624005

Preço: R$ 31,90.

Sobre o selo Enciclopédia Galáctica:

Em 2010, a Devir Livraria inaugurou o selo “Enciclopédia Galáctica”, destinado a obras de não-ficção voltadas para a discussão, análise e registro dos gêneros ficção científica, fantasia e horror na literatura, quadrinhos, jogos, cinema e televisão. O selo busca fomentar a produção crítica a respeito desses gêneros e formas de expressão, em um momento em que cresce muito o interesse pela literatura de ficção científica, fantasia e horror no ambiente acadêmico e literário nacional.

O primeiro livro do selo foi Visão Alienígena: Ensaios sobre Ficção Científica Brasileira, de M. Elizabeth Ginway, brasilianista e professora de língua portuguesa e literatura e cultura brasileira na Universidade da Flórida (em Gainesville).

Devir Livraria: Rua Teodureto Souto, 624 - Cambuci - São Paulo-SP, CEP 01539-000

Fone: (0__11) 2127- 8787 - horário comercial

Mais informações: marialuzia.devir@gmail.com

Visite o nosso site: http://www.devir.com.br/


Mais informações em:

http://mensagensdohiperespaco.blogspot.com/2011/08/anuario-2010.html

E também em:

http://www.devir.com.br/literatura/fc_anuario-2010.php

18/08/11

Livro "A Fada" - Carolina Munhóz

Lançamento da Novo Século!


A nova versão do livro da Carolina Munhóz já está em pré venda.
A FADA está no site da Novo Século (R$29,90) e no site da Saraiva (R$23,90).

O livro será lançado sábado, 3 de setembro · 17:00 - 20:00
Localização Bienal do Livro - RJ
Rua K14 em frente ao auditório - pavilhão azul
Rio de Janeiro (Rio de Janeiro)

Site da Carolina Munhóz
http://www.carolinamunhoz.com/blog/


17/08/11

entrevista com Adriano Siqueira no programa da Liz Vamp -


Entrevista que fiz no dia 09/08 para o programa da Liz Vamp e que teve também a participação do Lord A
confiram!
http://tvuol.uol.com.br/permalink/?view/id=o-mundo-dos-vampiros-0402CC1C3468CCC91326/mediaId=11934483/date=2011-08-10&&list/type=tags/tags=76966/edFilter=all/




15/08/11

Convite - 5 lançamentos no dia 27 de agosto de 2011


cliquem na imagem para ampliar.

São cinco lançamentos no mesmo dia no mesmo horário e local

Tempo de Algória - Autor Richard Diegues
Time Out, os viajantes do tempo - Org Ademir Pascale - Vários autores
Sociedade das Sombras - Org. Anny Lucard - Vários autores
A Bondade dos Estranhos - João Barreiros
Reino das Névoas - Camila Fernandes

e mais...
Deus Ex Machina
SteamPink
Apenas uma Taça (Georgette Silen)
Jarbas (André Bozzetto Jr.)
E todos os livros da Editora Estronho e Tarja Editorial

Local: Bar Pier 1327
Endereço: Rua Joaquim Távora, 1327 - Vila Mariana - São Paulo - SP

Espero vocês lá! Eu participo junto com muitos autores na antologia "Sociedade das Sombras"
Abraços
Adriano Siqueira



Fanzine Adorável Noite - 20 anos

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