“Dia do Fã” reúne admiradores de ficção científica na Estação Ciência
Fãs de Star Trek, Star Wars e Harry Potter participam da 6º edição do evento
por Camila Baos
Se você é um nerd assumido, com certeza já ouviu falar do Dia do Fã. Comemorado desde 2005 no dia 17 de março, a data faz parte do calendário oficial da cidade de São Paulo, e desde entã
o vem sendo prestigiada com atrações relacionadas à ficção. Por isso, a Estação Ciência, órgão filiado à Universidade de São Paulo (USP), celebrou no domingo, 27 de março, o já conhecido encontro dos nerds da cidade.
É a sexta vez consecutiva que a Estação Ciência, localizada no bairro da Lapa, zona oeste de São Paulo, promove o evento, que é aberto ao público e cobra apenas uma taxa simbólica: 4,00 e 1 Kg de alimento para doação. Além de poder visitar as exposições usuais da Estação, como os aquários e o espaço sobre o corpo humano, no Dia do Fã os visitantes têm a oportunidade de conhecer stands, assistir palestras e participar do concurso de fantasias – momento em que os cosplayers, como são chamados os fãs que se fantasiam de seus personagens preferidos, sobem ao palco e são julgados pela plateia. Nesse ano, das 9h às 17h, o evento trouxe palestras sobre ficção científica (principalmente nos populares Star Trek e Star Wars), reapresentação de episódios conhecidos do público e até mesmo uma performance de fãs da série musical Glee, muito famosa nos Estados Unidos.

O Grupo Alpha de Ficção Científica conhece bem essa rotina. Presente no Dia do Fã desde a primeira comemoração na Estação Ciência, o fã-clube, que existe há 15 anos e é dedicado à ficção científica em geral, sempre contribui com apresentações que exploram não somente séries populares, mas também a ciência como objeto de estudo. “Nosso objetivo não é só falar sobre Star Trek ou Star Wars. Queremos também que os fãs aprendam algo sobre ciência”, afirma a presidente do grupo Sílvia Reis, de 37 anos, formada em Pedagogia e com dez livros publicados. Sua palestra, sobre os planetas representados no universo das séries, aborda não somente o papel “ficcional” que eles possuem, mas também traz informações com precisão científica. “Sou uma astrônoma amadora. Astronomia sempre foi a minha paixão. Quando criança, antes mesmo de gostar de Star Trek, eu já me interessava pelo universo”, justifica Sílvia, que também é Coordenadora do Clube de Astronomia de São Paulo (CASP). “Por isso, sempre tento abordar o tema em minhas palestras”.
Mas não só de ficção científica é feito o Dia do Fã. Um tema bem diferente também está na programação do evento: o vampirismo. Para discutir o assunto, o diagramador e escritor de contos vampirescos Adriano Siqueira, de 46 anos, foi convidado a fazer uma palestra sobre os recentes fenômenos do gênero. “Uma coisa puxa a outra. Fenômenos como Crepúsculo atraem o público e chamam a atenção para outros autores do vampirismo. O leitor pensa, ‘interessante esse negócio de vampiro. Vou procurar mais sobre o tema’”, explica o escritor, que possui um vasto conhecimento sobre a área vampiresca. Em sua palestra, Siqueira conta brevemente a história do vampirismo na literatura e cinema e indica bons autores à plateia. Em maio, ele próprio lançará seu primeiro projeto solo, o livro Adorável Noite, pela editor Estronho, compilado de contos que publicou na rede por anos. “Nunca se deve achar que um livro só é pouco. Esse é o primeiro passo para qualquer escritor. E, com a ajuda da internet, os autores nacionais estão cada vez mais conhecidos”.
Além dos já citados Star Trek e Star Wars, havia stands sobre as sagas Harry Potter, Senhor dos Anéis e Crepúsculo, as séries Supernatural e Lost e também de animes japoneses, como Naruto. Eventos como o Dia do Fã ajudam a desmistificar o universo desses admiradores fervorosos, que muitas vezes são alvo de preconceito. “É uma coisa um tanto tragicômica”, opina José Paulo Bordalho, 39 anos, outro membro do Grupo Alpha. “Se uma pessoa usa a camisa de seu time de futebol favorito, não há problema. Mas se nós, fãs de Star Trek, usarmos uma camisa da série, seremos alvo de piada”. Sílvia reitera tal postura: “Muitas vezes a mídia nos retrata como bobos. Pessoas que fazem um trabalho sério, como nós, acabam não sendo reconhecidas”.